Pensando mais um pouco sobre o X Workshop do Abba – 2015 – Parte II

No primeiro texto publicado nesta série em que estamos “pensando” o nosso próximo Workshop, vimos um jovem jornalista da atualidade comentando sobre o povo judeu – o povo das palavras, o povo do Livro e sobre o seu “sucesso”.

“Se há uma razão para o relativo sucesso dos judeus, talvez a explicação esteja aí: nessa obsessão pela palavra, nesse incrível legado transmitido por meio da educação. O Povo do Livro, como é dito. No princípio era o verbo. E desde então continua sendo…” são as últimas palavras de Rodrigo Constantino no texto. Clique aqui para ler na íntegra. (Grifo nosso)

Bíblia

Hoje, pensando mais um pouco sobre a Palavra e seu legado, segue parte de um texto do Rabino Jonathan Sacks, de agosto de 1993, então Rabino Chefe da Inglaterra. Diz o texto:

“ “Se as estatísticas estão corretas, os judeus constituem apenas um por cento da raça humana. Isso sugere um nebuloso grãozinho de pó de estrela perdido na imensidão na Via Láctea. Adequadamente, jamais se ouviria falar do judeu; porém se fala, e sempre se ouviu falar dele. Ele é tão proeminente no planeta quanto qualquer outro povo, e sua importância comercial é bastante fora de proporção com a pequenez de seu grupo. Suas contribuições aos grandes nomes do mundo na literatura, ciência, arte, música, finança, medicina também estão fora de proporção com seu pequeno número. Tem feito uma luta maravilhosa no mundo, em todas as épocas; e o tem feito com as mãos atadas nas costas. Os egípcios, os babilônios, os persas surgiram, encheram o planeta com som e esplendor, depois evaporaram como num sonho e sumiram; os gregos e os romanos também, fizeram muito barulho, e agora estão acabados; outros povos brotaram e levantaram sua tocha bem alto por um tempo, mas ela se queimou, e agora estão na obscuridade, ou simplesmente desapareceram. O judeu viu a todos eles, venceu a todos, sem enfraquecer suas partes, sem esmorecer suas energias, sem embotar sua mente alerta. Todas as coisas são mortais, as outras forças passam, mas ele permanece. Qual o segredo de sua imortalidade?”

Assim escreveu Mark Twain em 1898. É um belo tributo, mas termina com uma pergunta, a pergunta certa.

Qual é o segredo da continuidade judaica?

Nenhuma resposta comum será suficiente, porque a história judaica tem sido totalmente extraordinária. Os judeus permaneceram uma nação distinta sem país, poder, território, ou cultura partilhada. Foram dispersos e quase sempre uma minoria. Na maior parte recusaram os esforços ativos para convertê-los, e resistiram à assimilação. Nenhum outro povo tem mantido sua identidade intacta por tanto tempo sob tais circunstâncias. Ora, como eles puderam fazê-lo?

Uma religião de Continuidade

Muitas teorias têm sido oferecidas, mas somente uma é convincente. O segredo da continuidade judaica é que nenhum outro povo devotou mais suas energias à continuidade. O ponto focal da vida judaica é a transmissão de um legado através das gerações. O Judaísmo se concentra um seus filhos. As primeiras palavras de Avraham a D’us foram: “Dá-me filhos, pois sem eles é como se eu estivesse morto.”

Ser judeu é ser um elo na cadeia de gerações. É ser um filho e depois um pai, receber um legado e passá-lo adiante. Moshê “recebeu a Torá no Sinai e passou-a adiante…” e assim devemos nós…

Judaísmo é uma religião de continuidade.

Nós que crescemos com o Judaísmo estamos tão familiarizados com esta ideia que a aceitamos como evidente em si, mas não é. É excepcional, até mesmo única. A primeira ordem na Torá não é crer, mas ter filhos. Avraham é escolhido não por ser justo (somente Nôach é descrito como tal) mas porque “ele instruirá seus filhos e sua família depois dele.” Na iminência do êxodo do Egito, Moshê não despende tempo falando ao povo judeu sobre a terra de leite e mel que os aguarda do outro lado do Jordão. Em vez disso, ele os instrui como deveriam ensinar as futuras gerações.

Três vezes ele retorna ao tema: “E quando seus filhos perguntarem…” “Nos dias que virão, quando seus filhos perguntarem…” “Naquele dia vocês dirão aos seus filhos…” Não ainda libertados, eles estão para se tornar uma nação de educadores.

Desde o início, o Judaísmo baseou sua sobrevivência na educação. Não educação no sentido estreito e formal de aquisição de conhecimento, porém algo mais vasto. Na verdade, a palavra “educação” é inadequada para descrever a cultura de estudo e debate do Judaísmo, sua absorção em textos, comentários e contra-comentários, sua devoção à instrução e ao aprendizado a longo prazo. Descartes disse: “Penso, logo existo.” Um judeu teria dito: “Aprendo, portanto existo.” Se há um motivo condutor, um tema dominante conectando as várias eras do povo de Israel, é a entronização do estudo como valor judaico soberano.

Em um dos versículos mais famosos da Torá, Moshê ordena: “Ensinareis estas coisas diligentemente a vossos filhos, falando delas quando estiverem em casa ou quando viajarem, quando se deitarem e quando se levantarem.” O primeiro Salmo descreve o ser humano feliz como aquele que “estuda Torá dia e noite”. Num surpreendente comentário, os rabinos disseram: “Mais vale um erudito ilegítimo que um sumo sacerdote ignorante.”

A paixão principal, ardente, incandescente dos judeus foi o estudo. Suas cidadelas eram escolas. Seus líderes religiosos foram sábios; a palavra rabi não significa sacerdote ou homem sagrado, mas mestre. Mesmo quando estavam assolados pela pobreza, asseguraram que seus filhos fossem educados.

Na França do século doze um erudito cristão declarou: “Um judeu, embora pobre, se tiver dez filhos coloca a todos no estudo, não para ganhar como fazem os cristãos, mas pela compreensão da lei de D’us – e não somente os filhos mas também as filhas.”

No shtetl da Europa Oriental, o estudo conferia prestígio, status, autoridade, respeito. Os eruditos ocupavam os assentos nobres na parede leste da sinagoga. Em seu delicioso estudo sobre a cultura do shtetl, A Vida é com Pessoas, Zborowski e Herzog descrevem as prioridades da família judaica: “A mãe, que controla o orçamento da família, corta os custos da comida ao limite se necessário, para pagar pelos estudos dos filhos. Se o pior acontecer, ela empenhará suas queridas pérolas para pagar a mensalidade escolar. O menino deve estudar, tornar-se um bom judeu – para ela os dois são sinônimos.”

O resultado foi que os judeus sabiam. Sabiam quem eram e por quê. Conheciam sua história. Conheciam suas tradições. Sabiam de onde vieram e onde tinham deixado o coração. Tinham um senso de identidade e orgulho. Conheciam Avraham, Moshê, Yeshayáhu, Hilel, Akiva, Rashi e Maimônides, pois tinham estudado suas palavras e debatido seu significado. A Torá foi o lar portátil do judeu, e ele conhecia sua paisagem, suas montanhas e vales, até melhor que a paisagem do lado de fora de suas janelas.

Jerusalém jazia em ruínas, mas eles estavam familiarizados com suas ruas pelo Talmud e pelos Profetas, e caminhavam na cidade dourada da mente.

Em nenhum outro lugar o estudo, a erudição e a cultura eram tão largamente difundidas, tão valorizadas como entre o povo do Livro. Paul Johnson descreve a vida judaica tradicional como uma “antiga e eficiente máquina social para a produção de intelectuais.” Era uma aristocracia do espírito e da mente. Nem todo mundo – disse Maimônides – pode ser um cohen – sacerdote. Mas a coroa da Torá – a mais valiosa de todas as coroas – está disponível para todos.

Pensem conosco…

Continuaremos nos próximos posts.

O CRESCIMENTO DO ISLÃ E A POSIÇÃO DA IGREJA

curso de férias 20150001Sabemos que o Islamismo causa muitas dúvidas nos cristãos e talvez esse seja o motivo de muitos de nós não saber como abordar um muçulmano. As informações abaixo podem ajudar a entender algumas questões relacionadas ao mundo muçulmano.

O Islamismo é uma religião baseada nos ensinamentos de Maomé (570-632 d.C.),  que era considerado por seus seguidores o último profeta enviado por Deus (Alá), após ter enviado outros profetas, como Abraão, Moisés e Jesus.

Maomé  reuniu a base da fé islâmica num conjunto de versos conhecido como Alcorão ou Corão. Segundo ele, as escrituras foram reveladas a ele por Deus (Alá) por intermédio do anjo Gabriel e seus ensinamentos são considerados infalíveis. O Alcorão é dividido em 114 suras (capítulos), ordenadas por ordem de extensão e por temas. A religião também tem outras fontes de doutrina, como a Suna e os Hadiths

O Islamismo associa as suas origens à Arábia do Século VII e serviu  para unir o Império Árabe, que se estabeleceu primeiramente na área do Crescente Fértil e Egito e, mais tarde, ao longo do Norte da África e Pérsia. Entende-se que o Islamismo é constituído por uma síntese dos princípios das religiões Judaica, Cristã e o Zoroastrianismo (religião da antiga Pérsia), somada a práticas dos costumes religiosos árabes. Por isso se diz que o Islamismo é fruto de um sincretismo religioso.

A religião islâmica é a segunda maior do mundo e além disso, é a que mais cresce no planeta. Predominante em 43 países, o Islamismo representa 20% da população mundial, e pretende ser a religião mais ativa na Suécia, França e Inglaterra dentro de 20 anos.

O objetivo principal do islamismo é reger o mundo pelas leis islâmicas, mesmo que para isso seja preciso destruir os ‘infiéis ou incrédulos’, uma vez que, segundo a crença, Alá deixou dois mandamentos importantes: o de subjugar o mundo militarmente e matar os inimigos do Islamismo – judeus e cristãos.

Por isso a importância deste assunto no Curso de Especialização deste ano. 13 a 17 de julho no Seminário Cristo para as Nações. Inscrições pelo link http://www.cpnonline.com.br/cursodeferias/

Fonte do texto: M3

O SISTEMA SACRIFICIAL E A OBRA DE CRISTO – Parte III

O Sacrifício da Páscoa

ÊxodoTexto Base: Êxodo 12

E falou o SENHOR a Moisés e a Arão na terra do Egito, dizendo: Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano. Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura. E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo. Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR. E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito. E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo. […]Chamou pois Moisés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa. Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o SENHOR passará para ferir aos egípcios,cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa. Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o SENHOR passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o SENHOR passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir. Portanto guardai isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para sempre. E acontecerá que, quando entrardes na terra que o SENHOR vos dará, como tem dito, guardareis este culto. E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este? Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao SENHOR, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e adorou. E foram os filhos de Israel, e fizeram isso como o SENHOR ordenara a Moisés e a Arão, assim fizeram. E aconteceu, à meia noite, que o SENHOR feriu a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono, até ao primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais. E Faraó levantou-se de noite, ele e todos os seus servos, e todos os egípcios; e havia grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não houvesse um morto.

 Elementos do Ritual

Estado de Escravidão (Egito/paganismo)

Homem (”Sacerdote”) / Família

Oferta (Cordeiro)

Sacrifício (Assado, comido e sangue retirado)

Livramento da Ira de Deus (morte dos primogênitos)

Símbolos Especiais (molho de hissopo com sangue da oferta)

Estado na Graça (Libertação do Egito / Presença de Deus)

Este sacrifício é expiatório?

A dica está no “hissopo”.

  1. Ele é usado em diversos sacrifícios de purificação que envolvem sacrifícios pelo pecado (chata’at) no Pentateuco: Lv 14 e Nm 19
  2. Em Lv 14:19, texto que se refere à purificação da Lepra, é dito que: “Também o sacerdote fará a expiação do pecado, e fará expiação por aquele que tem de purificar-se da sua imundícia; e depois degolará o holocausto; “
  3. Em Sl 51:5-10 Davi diz: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado (חֵטְא chet’) me concebeu minha mãe.”
  4. Já no verso 6, ele diz: “Purifica-me (תְחָטֵאנִי techatt’eni) com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve.”

Davi faz um jogo de palavras: a palavra “pecado” (chet’) tem a mesma raiz da palavra “purificar” (chitta’), e da palavra “sacrifício pelo pecado” (chata’t).

Cumprimento em Cristo

Ele é o nosso cordeiro pascoal

I Co 5:8 Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.

Ele derramou seu sangue para que a ira de Deus não caísse sobre nós:

Rm 5:8-9 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.

Tal como a Páscoa, em família, e os outros sacrifícios, que envolvem comunhão/votos sobre o altar, Cristo nos fez uma família/povo reconciliado Nele. A mesa do Senhor (Seu sangue e corpo na Ceia) representa a comunhão que nos mantém juntos entre nós e entre Cristo.

1 Co 10:16-18 Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão. Considerai o Israel segundo a carne; não é certo que aqueles que se alimentam dos sacrifícios são participantes do altar?

O hissopo é “imerso” (heb.: taval) no sangue e aspergido sobre os umbrais das portas. Cristo passou por uma “imersão” de servidão e morte na Cruz, dando Seu sangue em nosso favor. Somos convidados, Nele, a fazer o mesmo.

Mc 10:38-39 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado? 39 Disseram-lhe: Podemos. Tornou-lhes Jesus: Bebereis o cálice que eu bebo e recebereis o batismo com que eu sou batizado;

Após a Páscoa de Cristo, fomos libertos do Egito de nossos pecados contra Deus e estamos diante dEle, livres.

Cl 1:13-14 Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.

Gl 5:1 Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.

Hb 10:19-20 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne.

 Instituto Abba

O SISTEMA SACRIFICIAL E A OBRA DE CRISTO – Parte II

O Estado do homem no pecado

  • A Bíblia diz que o Homem pecou descumprindo a ordem divina e foi então privado da Vida Eterna com Deus (“árvore da vida” – Gn 2:17, 3:23-24).
  • Com o pacto da preservação com Noé, Deus demonstra que Ele é o único que pode destruir ou salvar a vida dos animais e do Homem (Gn 8:21-22).
  • Como sinal desta preservação, e do afastamento da maldição do pecado, Deus requereu para si o sangue tanto dos animais, quanto do próprio Homem. Por isso o Homem não poderia comer o sangue dos animais nem tirar a vida (isto é, derramar o sangue) de outro homem de forma injusta (Gn 9:4-6), pois o sangue (a vida) pertencia a Deus, derramado para Deus no sacrifício sobre o altar (Lv 17:11). Se o Homem fizesse isso, expressaria a sua culpabilidade diante de Deus e dos homens, sendo réu de morte pela Lei.

 Necessidade do Sacrifício requerido por Deus

  • A Bíblia diz em algumas passagens que Deus se importa mais com a obediência a Ele e a Sua Palavra que sacrifícios e holocaustos (I Sm 15:22). Como visto no slide anterior, o Homem – que carrega as maldições da morte e do pecado (Gn 3:14-19) – somente teria afastadas estas maldições sobre si através do cumprimento dos mandamentos de Deus (Dt 7:12-13). Mas, como ele é pecador, sempre cairia em erro.
  • Justamente para demonstrar o estado de morte e culpabilidade por causa do pecado, Deus estabeleceu um sistema sacrificial para Israel. Os animais imolados sobre o altar, morrendo, trariam substituição ao sangue, que representava a vida, do Homem arrependido.
  • Há algumas evidências dessa substituição no Pentateuco. Uma delas é expressa pelo termo כָפַר (kafar), traduzido por “expiar” mas que significa literalmente “cobrir” algo com algum material (como o betume que cobriu a arca em Gn 6:14).
  • Outra é o significado da palavra כפֶֹּר (kofer), desta mesma raiz, que significa “preço de resgate, substituição”.
  • Por isso que, em alguns delitos, havia um preço ou um sacrifício substitutivo ao pecador arrependido, mas em outros, como o homicídio, não havia. Isso porque a substituição viria somente com a morte do próprio homicida (Nm 35:31), já que houve, neste exemplo, um atentado direto à vida e à Imagem de Deus, conforme (Gn 8-9).
  • A alma do Homem נֶפֶש (néfesh) que representa o sangue e a vida, deveria ser expiada, isto é, coberta com outro sangue (de animais) sobre o altar, o local da “aproximação” (qorban) com Deus (Lv 17:11).
  • Nos sacrifícios que representavam esta expiação pelo pecado (חַטָאת chatta’t por exemplo), havia a imposição das mãos do ofertante sobre a oferta. Na mente hebraica, as mãos representavam o trabalho, a labuta da vida. Provavelmente, o ato de impor as mãos sobre a oferta representava a “transferência” simbólica da vida de pecado do ofertante para a vida pura da oferta.

 Isaque: figura do justo sobre o altar

Isaque

Deus, sabendo que nunca haveria um substituto perfeito ao Homem pecador advindo dos animais queimados sobre o altar, antecipa a necessidade de um homem sobre o altar na vida de Isaque, filho de Abraão.

Isaque, segundo a tradição judaica, tinha por volta dos 30 anos quando foi sacrificado.

Segundo outra tradição, ele desejou se entregar ao sacrifício, pedindo a Abraão que o amarrasse firmemente para que não pudesse se soltar.

Ele foi sacrificado sobre o altar feito no monte Moriá (Gn 22:2), o mesmo no qual, anos mais tarde, Salomão iria construir o Templo de Jerusalém (2 Cr 3:1). Em orações judaicas feitas nas sinagogas em Rosh Hashaná e no Yom Kipur, até hoje os judeus fazem memória ao sacrifício de Isaque como o sacrifício perfeito que Deus aceitaria, do qual todos os outros sacrifícios foram cópia.

Jesus, o perfeito justo sobre o altar

Como visto acima, ao mesmo tempo em que Deus não aceitava sacrifícios humanos, Ele deu sinais na Torá que somente o sangue de um homem justo poderia ser o substituto pelo próprio Homem pecador.

Em Is 64:6-7 diz que nossas justiças são como trapos de imundícia. Isso quer dizer que nenhum homem poderia morrer para salvar outro do pecado.

Por isso que Deus antecipou, falando pelo profeta, a vinda de Jesus em Is 53, onde Ele é mostrado como sendo o Servo sofredor, o Justo que justificaria a muitos, que morreria pela nação de Israel. Esta morte seria uma morte expiatória e do mesmo status da oferta pela culpa ( אָשָם ‘asham).

Ele foi o único homem sem pecado (Hb 4:15) suprido pelo próprio Deus (Jo 3:16) e por isso pode entregar a sua vida como cordeiro para o sacrifício pelos pecados do mundo (Jo 1:29).

Jesus é a plenitude dos sacrifícios

Holocausto: Ef 5:2 Oferta pelo Pecado: Hb 2:17 e 7:27 Oferta pela Culpa: Is 53:10 Ofertas Pacíficas: Ef 2:14 Oferta de Ação de Graças: Hb 13:15 Páscoa Bode Expiatório Novilha Vermelha.

Continuaremos…

O SISTEMA SACRIFICIAL E A OBRA DE CRISTO – Parte I

O que é Sacrifício?

  • SacrifícioA palavra hebraica para “sacrifício” é qorban (קָרְבָן ): ela vem de uma raiz קָרַב (qaráv) que significa “aproximar-se”.
  • No sentido geográfico, significa se aproximar do templo/altar para a adoração por meio do sacrifício.
  • No sentido metafórico, significa a aproximação do Homem com Deus.

Necessidade do Sacrifício

Culturas pagãs:

  • As divindades, que tinham emoções e ações antropomórficas, necessitavam ser apaziguadas através da entrega pelos sacerdotes e adoradores de seus bens (homens, animais, comida, bebidas ou objetos), como sinal de devoção.

No Monoteísmo Bíblico:

  • O sacrifício não tem esta conotação, pois Deus não é suscetível a variações de humor e emoções ou não é subordinado aos nossos interesses.
  • O sacrifício de forma geral, na Torá, vem para trazer a solução ao estado de pecado que o Homem está desde a Queda ocasionada pelo pecado de Adão (Gn 2:17).

Em alguns outros casos, o sacrifício descrito representa um ato de purificação ritual devido à santidade de Deus e do Templo e em outros, o de louvor pelas dádivas recebidas de Deus. Nestes sacrifícios, havia o uso somente de carne animal pura (segundo a Lei), de cereais e libações (vinho), e nunca o sacrifício humano.

 Tipos de Sacrifícios

  • עוֹלָה (‘olah): Holocausto – Nome derivado do verbo עָלָה (‘alah) que significa “subir, ascender, elevar-se”.
  • É um sacrifício voluntário, que representa a sua fidelidade a Deus como Criador, Benfeitor e Galardoador. O animal imolado é inteiramente consumido pelo fogo, não lhe restando nada para ser consumido pelo sacerdote ou ofertante. Foi este o tipo de sacrifício feito pelos Patriarcas antes da Lei ser entregue no Sinai (Gn 8:20, 22:3). Apesar de a Torá não especificar quais são os pecados que ela expiar, Lv 1:4 indica que ele era um sacrifício expiatório.
  • Principais ocasiões: nascimento de um filho (Lv 12:1-8), voto de nazireu (Nm 6:9-14), cura da lepra (Lv 14:10) etc.
  • חַטָאת (chatta’t) Oferta pelo pecado – Nome derivado da raiz da palavra “pecado”, (ou “errar o alvo”, חֵטְא chet’) e “purificar” (חִטֵא chitte’ Ex 29:36). É dado ao sacrifício pelos pecados gerias feitos sem intenção ou sem conhecimento premeditado.
  • Mesmo sendo por pecados gerais ou sem conhecimento, há a necessidade de imposição das mãos, acompanhada da confissão de pecados, pelo ofertante sobre a oferta, antes desta ser imolada sobre o altar.
  • Principal ocasiões: Dia da Expiação – Lv 4, 5:1-13, 6:17-23.
  • אָשָם (‘asham) Oferta pela culpa – Significa literalmente “culpa, acusação”, e é o nome dado ao sacrifício que é oferecido por alguém acusado de roubo, sacrilégio , testemunho falso etc. (Lv 5:21-6:7).
  • Juntamente com o sacrifício, a pessoa deve restituir ou corrigir estes erros ao que foi lesado.
  • שְלָמִים (sh’lamim) Ofertas Pacíficas – Vem da palavra para “paz” (שָלוֹם – shalom) e “pagamento” (שִלּוּם – shillum).
  • É trazido em períodos de conclusão de um voto (nazireado ou voluntário ou com o próximo), de festa e alegria.
  • Nele, a vítima é comida pelo ofertante e pelo sacerdote, numa espécie de banquete diante do altar.
  • תּוֹדָה (todá) Oferta de ação de graças – significa literalmente “louvor, gratidão, ação de graças”.
  • É o sacrifício of
    erecido somente com farinha e vinho (também chamada de מִנְחָה (minchá).
  • Não é expiatório nem obrigatório, e é oferecido em momentos de alegria e festa (Lv 7:11).

Continuaremos…

Tefilin

Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos.  Deuteronômio 6:8

Tefilin

O termo Tefilin vem da palavra Tefilá que significa oração, prece. Tefilá, por sua vez vem do verbo palal que significa intervir, interpor, orar. Também são derivados de palal:

palil – avaliação, estimativa;

pelila – ofício de juiz ou árbitro

peliliya – raciocínio

Consiste em duas pequenas caixas quadradas de couro de um animal casher, animais limpos segundo a lei (Levítico 11). Devem formar um quadrado perfeito e as tiras de couro que saem da caixa devem ser pintadas de preto, sem qualquer falha. Dentro de cada caixa encontram-se escritos em pergaminho (que também é feito de um animal casher), quatro versos da Toráh.

A Torá diz apenas “Também as atarás por sinal na tua mão e te serão por frontais entre os teus olhos em Dt 6:8. Segundo a Tradição Judaica, os detalhes de como devem ser escritos, preparados, encaixados os textos foram transmitidos através da Tradição Oral, a partir de Moisés (Moshé) que recebeu todos os detalhes do procedimento diretamente de Deus, até que foram anotados pelos sábios na Mishná, no Talmud e no Shulchan Aruch, para que não fossem perdidos.

As caixinhas são chamadas de “de-cabeça”- shel rosh “e “de-mão”- shel yad.

A caixinha “de-mão” é colocada sobre o braço esquerdo de maneira a ficar encostada junto ao coração, sede das emoções, com a correia de couro suspensa sendo enrolada na mão esquerda, bem como no dedo médio. Tem uma única divisão com as passagens da Toráh em um só pergaminho.

A “de-cabeça” é colocada acima da testa, de maneira a ficar sobre o cérebro. Contém quatro divisões com pergaminhos sobre os quais estão escritas quatro passagens da Toráh.

Os Tefilin são colocados no braço, junto ao coração e sobre a cabeça a partir do momento em que o menino judeu completa 13 anos,  no seu bar- mitsvá (filho do mandamento). Isto significa a ligação dos poderes emocionais e intelectuais a serviço de Deus para o povo judeu.

As tiras, estendendo-se do braço para a mão e da cabeça às pernas significam a transmissão da energia intelectual e emocional para as mãos e os pés, simbolizando sentimento e ação.

Tefelin

O Conteúdo:

clique e leia:

Êxodo 13:1-10

וידבר יהוה אל־משׁה לאמר׃

 קדשׁ־לי כל־בכור פטר כל־רחם בבני ישׂראל באדם ובבהמה לי הוא׃

  ויאמר משׁה אל־העם זכור את־היום הזה אשׁר יצאתם ממצרים מבית עבדים כי בחזק יד הוציא יהוה אתכם מזה ולא יאכל חמץ׃

  היום אתם יצאים בחדשׁ האביב׃

  והיה כי־יביאך יהוה אל־ארץ הכנעני והחתי והאמרי והחוי והיבוסי אשׁר נשׁבע לאבתיך לתת לך ארץ זבת חלב ודבשׁ ועבדת את־העבדה הזאת בחדשׁ הזה׃

  שׁבעת ימים תאכל מצת וביום השׁביעי חג ליהוה׃

  מצות יאכל את שׁבעת הימים ולא־יראה לך חמץ ולא־יראה לך שׂאר בכל־גבלך׃

  והגדת לבנך ביום ההוא לאמר בעבור זה עשׂה יהוה לי בצאתי ממצרים׃

  והיה לך לאות על־ידך ולזכרון בין עיניך למען תהיה תורת יהוה בפיך כי ביד חזקה הוצאך יהוה ממצרים׃

  ושׁמרת את־החקה הזאת למועדה מימים ימימה׃

clique e leia:

Êxodo 13: 11-16

  והיה כי־יבאך יהוה אל־ארץ הכנעני כאשׁר נשׁבע לך ולאבתיך ונתנה לך׃

 והעברת כל־פטר־רחם ליהוה וכל־פטר שׁגר בהמה אשׁר יהיה לך הזכרים ליהוה׃

 וכל־פטר חמר תפדה בשׂה ואם־לא תפדה וערפתו וכל בכור אדם בבניך תפדה׃

 והיה כי־ישׁאלך בנך מחר לאמר מה־זאת ואמרת אליו בחזק יד הוציאנו יהוה ממצרים מבית עבדים׃

  ויהי כי־הקשׁה פרעה לשׁלחנו ויהרג יהוה כל־בכור בארץ מצרים מבכר אדם ועד־בכור בהמה על־כן אני זבח ליהוה כל־פטר רחם הזכרים וכל־בכור בני אפדה׃

והיה לאות על־ידכה ולטוטפת בין עיניך כי בחזק יד הוציאנו יהוה ממצרים׃

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Deuteronômio 6: 4-9

שׁמע ישׂראל יהוה אלהינו יהוה אחד׃

ואהבת את יהוה אלהיך בכל־לבבך ובכל־נפשׁך ובכל־מאדך׃

והיו הדברים האלה אשׁר אנכי מצוך היום על־לבבך׃

ושׁננתם לבניך ודברת בם בשׁבתך בביתך ובלכתך בדרך בשׁכבך ובקומך׃

וקשׁרתם לאות על־ידך והיו לטטפת בין עיניך׃

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Deuteronômio 11:13-21

  והיה אם־שׁמע תשׁמעו אל־מצותי אשׁר אנכי מצוה אתכם היום לאהבה את־יהוה אלהיכם ולעבדו בכל־לבבכם ובכל־נפשׁכם׃

  ונתתי מטר־ארצכם בעתו יורה ומלקושׁ ואספת דגנך ותירשׁך ויצהרך׃

 ונתתי עשׂב בשׂדך לבהמתך ואכלת ושׂבעת׃

  השׁמרו לכם פן יפתה לבבכם וסרתם ועבדתם אלהים אחרים והשׁתחויתם להם׃

 וחרה אף־יהוה בכם ועצר את־השׁמים ולא־יהיה מטר והאדמה לא תתן את־יבולה ואבדתם מהרה מעל הארץ הטבה אשׁר יהוה נתן לכם׃

 ושׂמתם את־דברי אלה על־לבבכם ועל־נפשׁכם וקשׁרתם אתם לאות על־ידכם והיו לטוטפת בין עיניכם׃

 ולמדתם אתם את־בניכם לדבר בם בשׁבתך בביתך ובלכתך בדרך ובשׁכבך ובקומך׃

  וכתבתם על־מזוזות ביתך ובשׁעריך׃

 למען ירבו ימיכם וימי בניכם על האדמה אשׁר נשׁבע יהוה לאבתיכם לתת להם כימי השׁמים על־הארץ׃

Tefelin

Fonte: Café Torah; e-Sword, Tradição Judaica.

A queda do homem*

PecadoA criação teve um começo glorioso porque a terra estava cheia da glória de Deus. Tudo refletia o Criador. 

Então, de repente, o homem deixou de ser santo e o jardim foi perdido para ele.

Por razões que Deus não explica, depois de determinado tempo, Ele deixou o tentador entrar no jardim para tentar o homem.

A árvore do conhecimento do bem e do mal significava o elemento físico posto ali para provar a fidelidade de Adão e Eva. Satanás sugeriu a Eva que Deus não queria que suas criaturas fossem iguais a Ele: conhecedores do bem e do mal.

Deus não precisa experimentar o mal para conhecê-lo. O homem não precisava experimentar para saber o que é o mal. Ele precisava apenas confiar nas palavras de Deus.

Stedman (Entendendo o homem) diz:

“As criaturas do universo são feitas para descobrir a diferença entre bem e mal porque relacionam tudo ao ser de Deus, não a si mesmas.

Quando o homem comeu do fruto, ele passou a fazer tudo o que Deus faz: a relacionar tudo a si mesmo…

Quando o homem começou a pensar de si mesmo como centro do universo, ele se tornou igual a Deus. Mas tudo isso era uma mentira. O homem não é o centro do universo e não pode ser”.

Qual é o pecado de Adão?

Conhecer o bem e o mal?

Não.

O pecado de Adão foi a desobediência.

Adão comeu do fruto proibido, desobedientemente, porque não creu nas palavras de Deus.

E a maldição veio sobre toda a criação!

 *Texto adaptado do livro “O habitat humano – o paraíso perdido” de Heber Carlos Campos. Editora Hagnos.

Beth Alves.

ARTIGO: O DEUS QUE SE REVELA – A MAJESTADE DE DEUS NA CRIAÇÃO COMO ARTIGO – PREMISSA TEOLÓGICA, ANTROPOLÓGICA E ECOLÓGICA (SL 8.1-9) (VOLUME XVIII)

Revelação de DeusPOR HERMISTEN MAIA PEREIRA DA COSTA

(Mestre e Doutor em Ciências da Religião, pastor da Igreja Presbiteriana Ebenézer, em Osasco (SP), e professor de Teologia Sistemática do Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição, em São Paulo)

Neste artigo o autor, partindo do Salmo 8, analisa aspectos da majestade de Deus revelados na criação e, especialmente, no homem, criado à sua imagem e semelhança. Sustenta que, para que o homem possa ter uma visão correta de Deus, de si mesmo e da criação em geral, faz-se necessário começar por uma compreensão correta de Deus conforme ele mesmo se dá a conhecer a fim de que possamos responder-lhe em adoração e obediência.

Demonstra que somente partindo de Deus podemos perceber a beleza da Criação, ainda que esta aguarde a sua restauração, que manifesta de forma majestosa a bondade, sabedoria e poder de Deus. Apenas assim poderemos adquirir uma ótica correta para enxergar a vida e o dinamismo necessário para agir de modo coerente com a nossa fé.

O genuíno conhecimento de Deus deve guiar a nossa teologia, antropologia, ecologia e, consequentemente, a nossa práxis.

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O Lugar que devemos estar…

Moriah : מריה

  • Lugar que Deus vê

Passado algum tempo, Deus pôs Abraão à prova, dizendo-lhe: “Abraão! ” Ele respondeu: “Eis-me aqui”. Então disse Deus: “Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe indicarei”. Gênesis 22:1-2

Moriá, o lugar que Deus vê.Monte Moriá

Sabemos que Deus é soberano e não precisa de ninguém para se mover, mas Ele escolheu contar com o homem para realizar o seu plano. E foi em Abraão que ele encontrou um coração disponível. Vemos neste homem um exemplo de disponibilidade e renuncia a fim de realizar os planos de Deus.

Abraão ouviu o chamado de Deus e ele prontamente disse: Eis-me aqui! E ao receber a ordem, ele não poupou o seu único filho.

Na manhã seguinte, Abraão levantou-se e preparou o seu jumento. Levou consigo dois de seus servos e Isaque seu filho. Depois de cortar lenha para o holocausto, partiu em direção ao lugar que Deus lhe havia indicado. No terceiro dia de viagem, Abraão olhou e viu o lugar ao longe. Gênesis 22:3-4

Quando estamos caminhando em obediência a Deus, não nos encontramos perdidos ou atordoados, pois somos direcionados ao lugar  que devemos estar.

Disse ele a seus servos: “Fiquem aqui com o jumento enquanto eu e o rapaz vamos até lá. Depois de adorarmos, voltaremos“.  Abraão pegou a lenha para o holocausto e a colocou nos ombros de seu filho Isaque, e ele mesmo levou as brasas para o fogo, e a faca. E caminhando os dois juntos, Isaque disse a seu pai Abraão: “Meu pai! ” “Sim, meu filho”, respondeu Abraão. Isaque perguntou: “As brasas e a lenha estão aqui, mas onde está o cordeiro para o holocausto?  “Respondeu Abraão: “Deus mesmo há de prover o cordeiro para o holocausto, meu filho”. E os dois continuaram a caminhar juntos. Gênesis 22:5-8

Abraão em todo tempo cria que se sacrificasse Isaque, Deus o ressuscitaria.

[Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar. Hebreus 11:18]

Quando estamos no “lugar” onde Deus nos designou, a nossa fé não vacila. Mas ela nos leva a ver além das circunstâncias, além dos que os olhos podem ver. Abraão, mesmo estando no “lugar do sacrifício”, ele creu. Ele sabia que Deus proveria para si o cordeiro, e que as promessas do Senhor não seriam abaladas por circunstância alguma.

Quando chegaram ao lugar que Deus lhe havia indicado, Abraão construiu um altar e sobre ele arrumou a lenha. Amarrou seu filho Isaque e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Então estendeu a mão e pegou a faca para sacrificar seu filho. Mas o Anjo do Senhor o chamou do céu: “Abraão! Abraão! ” “Eis-me aqui”, respondeu ele. “Não toque no rapaz”, disse o Anjo. “Não lhe faça nada. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único filho. ” Abraão ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Foi lá, pegou-o e sacrificou-o como holocausto em lugar de seu filho. Abraão deu àquele lugar o nome de “O Senhor proverá”. Por isso até hoje se diz: “No monte do Senhor se proverá”. Gênesis 22:9-14

Abraão estava no “lugar”, e foi no “lugar” que ele recebeu a aprovação do Deus Altíssimo e experimentou da fidelidade de Deus. Ele não precisou sacrificar o seu único filho. Nós sabemos que este papel quem cumpriu foi o próprio Deus!

[Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16]

Pela segunda vez o Anjo do Senhor chamou do céu a Abraão e disse: “Juro por mim mesmo”, declara o Senhor, “que por ter feito o que fez, não me negando seu filho, o seu único filho, esteja certo de que o abençoarei e farei seus descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Sua descendência conquistará as cidades dos que lhe forem inimigos e, por meio dela, todos povos da terra serão abençoados, porque você me obedeceu“. Gênesis 22:15-18

Moriá, lugar de sacrifício, renúncia e obediência. Este é o lugar em que Deus quer que eu e você estejamos.

 Cíntia Silveira.

A COSMOGONIA BÍBLICA / A CRIAÇÃO

A cosmogonia trata da origem e da evolução do universo, ou seja, sua função é descobrir como surgiram a terra e os demais planetas e astros.

Vamos ver como  as pessoas da antiguidade encaravam a questão da origem do universo.

a) Acadianos, sumérios e babilônios

Os povos que habitava a antiga Criaçãomesopotâmia, elaboraram uma teoria composta entre o terceiro e o segundo milênio antes de Cristo diz que os deuses travaram batalhas com as forças desagregadoras. Destas lutas teriam surgido os céus, a terra, o mar, os animais e o ser humano.

b) Gregos

Mais desenvolvidos cientificamente que os povos da antiguidade, tiveram vários filósofos com diferentes posicionamentos.

* Anaximandro – ensinava que o mundo teve origem de uma substância indefinida: apeíron, em grego, sem fim.

* Tales de Mileto – segundo ele tudo veio da água. Foi levado a ter este posicionamento depois de verificar a presença da água em todas as coisas.

* Anaxímenes de Mileto – afirmava ser o ar o princípio de tudo. Argumentava que tudo dependia do ar ( fogo, água em estado gasoso…).

* Heráclito – argumentava estarem as coisas em constante devenir. Tudo corre, tudo flui ensinava. O cosmo transmuta-se constantemente.

* Empédocles – cria nos quatro elementos originais: ar, água, fogo e terra. Mais tarde esta tese seria empossada por Aristóteles.

*Anaxágoras – o universo é formado por partículas diminutas – podem estar em estado animado ou não. Aristóteles chamou estas partículas de homeomerias.

* Leucipo – afirma que todas as coisas (inclusive a alma) são compostas por corpúsculos invisíveis a olho nu. Chamou tais corpúsculos de átomos que, em grego, significa: aquilo que não pode ser dividido. Hoje sabemos que a fusão do átomo é possível.

* Pitágoras de Samos – Devoto da matemática, apontava Deus como a Grande Unidade e o Número Perfeito. Deste Número Perfeito, ensinava, originou-se tudo o que existe.

* Xenófanes – Era monoteísta e desprezava a mitologia helena. Cria ser o universo obra de um Deus único e verdadeiro. É um dos poucos gentios a ter uma concepção quase perfeita com relação ao criacionismo bíblico, embora ignorasse a existência das Escrituras.

c) Outros

* Os índios da América do Norte – a matéria original do universo é a própria terra.

* Maias – uma criação em três partes: primeiro Hunab, o deus único, cria-se a si mesmo. Em seguida, ele fez os céus e a terra. Na última parte, Hunab misturando terra e água forma o primeiro homem. Os maias consideravam a terra e a água as matérias primas do universo.

* Os índios brasileiros – dois deuses criadores: Monã, criador do céu, da terra e dos animais; e Amã Atupane (provavelmente Tupã), criador do mar. Os jesuítas consideravam Amã Atupane a mais correta idéia de deus dos nativos desta parte do continente americano.

d) O que a Bíblia diz acerca da matéria prima original

No que diz respeito à matéria prima original os hebreus destoam totalmente dos demais povos. Não se ocupavam da cosmogonia. Criam firmemente que “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Não diz o Pentateuco (a Torah) que a terra e os céus foram chamados à existência a partir da Palavra de Deus? Por que se ocupar de uma matéria eterna se a eternidade é um atributo exclusivo do Todo Poderoso?

O autor da epístola aos Hebreus escreve: “Pela fé entendemos que foi o Universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” (Hebreus 11:23)

Significa que Deus criou o universo ex nihilo, ou seja, a partir do nada. Foi o que Paulo quis deixar bem claro aos filósofos epicureus e estóicos quando de seu discurso no Areópago de Atenas: “O Deus que fez o mundo e tudo que nele existe…” (Atos 17:24).

Charles C. Ryrie, renomado teólogo diz: “ Criatio ex nihilo. Esta frase significa que ao criar, Deus não empregou matérias primas preexistentes. Indica-o Hebreus 11:3 bem como o relato de Gênesis 1. Antes de seu Fiat criativo, não havia outra classe de existência fenomenológica. Isto exclui a idéia de que a matéria seja eterna. Criatio ex nihilo é um conceito que ajuda, desde que entendamos o seu real significado. Ou seja: que entidades físicas foram criadas dos recursos não físicos da onipotência de Deus”.

A partir desta perspectiva torna-se muito mais fácil e emocionante estudar a geografia das terras que serviram de cenário à História da Salvação.

Instituto Abba